João Carlos M. Madail
Agricultura familiar e a arte de produzir alimentos
João Carlos M. Madail
Economista, professor, pesquisador e diretor da ACP
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No Dia do Agricultor, celebrado em 28 de julho passado, muito pouco foi enaltecido sobre a importância deste herói do campo, que nos disponibiliza a maioria dos alimentos que consumimos diariamente.
A evolução da produção oriunda da agricultura familiar tem acontecido desde a implantação da Lei 11.326/2006, que formulou diretrizes para a agricultura familiar e empreendimentos que se enquadram nesse conceito. Trata-se de uma forma de produção agrícola baseada em pequena escala, responsável pelo abastecimento do mercado interno, por meio do uso de mão de obra familiar e até exportações. Este segmento tem sido importante para o controle da inflação dos alimentos no Brasil, produzindo quase tudo que compõe o prato do dia a dia do brasileiro.
Os homens e mulheres que dedicam suas vidas à produção de alimentos têm relação muito próxima com a terra, com seu local de trabalho e com a comunidade próxima nas relações sociais e profissionais. Diferentes das grandes propriedades, que geralmente se concentram na monocultura, os empreendimentos familiares produzem uma diversidade maior de culturas, onde é possível aplicar técnicas que garantam a produção com a preservação do seu patrimônio maior, os recursos naturais, que devem permanecer preservados às próximas gerações.
Segundo informação do portal Governo do Brasil, a agricultura familiar brasileira é a oitava maior produtora de alimentos do mundo. O segmento, que representa 77% das propriedades agrícolas do País, envolve 3,9 milhões de propriedades e tem sido a base da economia de 90% dos municípios brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa do País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados no campo.
São os agricultores familiares responsáveis por 70% da produção nacional de feijão, 34% de arroz, 87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo. O setor também é responsável por 60% da produção de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.
Com todas as dificuldades naturais e outras tantas relativas à infraestrutura de estradas, energia e recursos para a aquisição de equipamentos, armazenamento e acesso ao mercado, os agricultores têm a expectativa da atenção dos governantes via políticas públicas que os beneficie. Aqueles que se mantêm no campo sem a tal ajuda, desafiam todo tipo de dificuldade, seja no alto preço de insumos, baixo preço dos seus produtos no mercado, baixa renda, envelhecimento da população, moradias nem sempre confortáveis, pouca assistência médica e hospitalar, afora outras tantas. Pela importância do segmento na geração de alimentos à população o ano todo, independente das situações naturais desfavoráveis ou de aspectos econômicos ou políticos que desaceleram o desenvolvimento do País, os agricultores familiares continuam na luta, produzindo alimentos naturais baratos à população.
No aspecto técnico, são vários os órgãos de pesquisa públicos e privados que desenvolvem programas e estudos voltados ao segmento com atenção na geração de inovações tecnológicas. Como resultado, os produtores conseguem produzir alimentos em ambientes protegidos e até sem a presença de solo, transferindo os nutrientes que a planta necessita somente por meio de solução aquosa enriquecida, que dará subsídio para o desenvolvimento. A partir da rejeição dos consumidores a produtos supostamente contaminados por agroquímicos, os agricultores têm evoluído na produção orgânica, produzindo sem a utilização de qualquer tipo de produto químico.
É notória a importância da agricultura familiar não apenas na produção de alimentos, mas pela função essencial de gerar emprego e renda às cadeias produtivas a partir de seus sistemas agrícolas diversificados.
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